
Os cães possuem um olfato extremamente apurado, com cerca de 300 milhões de receptores olfativos, em contraste com os 6 milhões presentes nos humanos. Essa capacidade olfativa excepcional permite que eles detectem compostos orgânicos voláteis (VOCs) liberados por células humanas, possibilitando a identificação de diversas doenças antes mesmo de exames médicos convencionais e com isso podem detectar doenças precocemente.
A capacidade dos cães de detectar doenças humanas por meio do olfato tem sido objeto de diversos estudos científicos. Uma revisão publicada em 2015 analisou múltiplas pesquisas que investigaram a habilidade canina de identificar diferentes tipos de câncer, como os de bexiga, próstata, mama, pulmão e colorretal, a partir de amostras de urina, respiração e fezes. Os resultados indicaram sensibilidades variando de 56% a 99% e especificidades de 64% a 99%, dependendo do tipo de câncer e do método utilizado. Esses achados sugerem que os cães podem detectar compostos orgânicos voláteis específicos associados a diferentes neoplasias.
Detecção de Câncer
Estudos indicam que cães treinados podem identificar diversos tipos de câncer, como os de mama, pulmão, próstata, ovário e intestino. Um estudo publicado no BMC Câncer (2013) revelou que cães identificaram corretamente todas as 42 amostras de sangue de pacientes com câncer de ovário, alcançando uma precisão de 100%. Além disso, um estudo do Journal of Urology (2015) demonstrou que cães detectaram compostos orgânicos voláteis na urina de pacientes com câncer de próstata com alta sensibilidade e especificidade.
Detecção de Diabetes
Os cães também são capazes de detectar alterações nos níveis de glicose no sangue de pessoas com diabetes. Eles percebem mudanças nos VOCs emitidos pelo corpo humano, permitindo que intervenções sejam realizadas antes de ocorrerem complicações graves.
Outras Doenças Detectáveis
Além da detecção de câncer e diabetes, cães já foram utilizados na identificação de diversas doenças, como:
- Malária: Um estudo publicado na The Lancet Infectious Diseases mostrou que cães detectaram a presença da doença em indivíduos infectados com uma precisão significativa.
- Doença de Parkinson: Pesquisas indicam que cães conseguem identificar alterações químicas no sebo da pele de pacientes com Parkinson anos antes do diagnóstico clínico.
- COVID-19: Durante a pandemia, diversas iniciativas utilizaram cães para identificar a infecção pelo coronavírus por meio do suor de pacientes assintomáticos.
Cães treinados conseguem identificar as “assinaturas” químicas específicas dessas doenças, ajudando no diagnóstico precoce e na implementação de tratamentos adequados.
O Futuro da Medicina e o Papel dos Cães Farejadores

Com os avanços nas pesquisas, espera-se que os cães sejam cada vez mais incorporados como ferramentas complementares aos exames laboratoriais, auxiliando no diagnóstico precoce e na triagem de doenças. Além disso, estudos vêm explorando a possibilidade de criar dispositivos eletrônicos inspirados no olfato canino, como narizes eletrônicos, para detectar doenças de maneira rápida e eficiente.
A presença dos cães na medicina não apenas amplia a capacidade de diagnóstico, mas também proporciona um método não invasivo e acessível, reforçando a parceria histórica entre humanos e cães.
Como os cães são treinados para farejar doenças?
Os cães são treinados por meio de reforço positivo, associando o cheiro de uma doença específica a uma recompensa, como petiscos ou brinquedos. Durante os treinamentos, eles são expostos a amostras biológicas de pacientes diagnosticados e aprendem a reconhecer compostos orgânicos voláteis (VOCs) liberados pelo corpo humano em diferentes condições de saúde.
Embora esses métodos ainda não substituam completamente os diagnósticos médicos tradicionais, eles oferecem um complemento valioso, tornando a triagem mais rápida e acessível. Além disso, a pesquisa contínua nessa área pode levar ao desenvolvimento de tecnologias inspiradas no olfato canino, como sensores e narizes eletrônicos, ampliando ainda mais a precisão diagnóstica.
A parceria entre cães e humanos, que já se mostrou essencial em diversas áreas, agora ganha uma nova dimensão na medicina, reforçando o potencial desses animais não apenas como companheiros fiéis, mas também como aliados na preservação da saúde e qualidade de vida.
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Fontes:
- Computational diagnosis and risk evaluation for canine lymphoma E. M. Mirkes, I. Alexandrakis, K. Slater, R. Tuli, A. N. Gorban
- Canine Olfactory Differentiation of Cancer: A Review of the Literature Oliver Gould, Amy Smart, Norman Ratcliffe, Ben de Lacy Costello
- MINISTÉRIO DA SAÚDE, INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Abordagens Básicas para o Controle do Câncer
- MCCULLOCH, Michael, JEZIESKI, Tadeusz, JANECKI, Teresa et al. Diagnostic Accuracy of Canine Scent Detection in Early- and Late-Stage Lung and Breast Cancers
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